sábado, novembro 22, 2003


seis laços invisíveis



Eu vi o amor no meu retrovisor... e ele dava muita risada. Tudo mais fácil seria vê-lo num outdoor pela avenida, ou talvez sentado num assento de um ônibus, passando diante do meus olhos rapidinho depois que luz verde do semaforo acendesse. Eu juro que não quis interromper nada, só queria estar em situação igual a do casal aos beijos no fundo do meu carro. Em cada olhar desferido, um idioma que só eles entendem... os seus lábios são cúmplices, são como coadjuvantes da paixão.

Vivi mais uma sexta-feira. Foi ontem, mas bem que poderia acontecer todos os dias. Éramos felizes sob as gotas de chuva na Salvador cinzentinha e tranquila... os seis amigos sem rumo, levando histórias pra contar e com o branco dos dentes exposto na avenida principal. Como definir pessoas que não se encontram todos os dias, mas que o assunto entre eles nunca termina? A noite sempre insiste em ser apressada demais nos momentos agradáveis.

Tenho medo da incapacidade que as palavras carregam. Que se dane a frase clichê. Aqui não se escreve o gosto da sangria na boca, do aipim parecido com batata frita nem as nossas vozes presas no círculo da nossa mesa... é bem verdade que algumas são mais altas do que outras. Problemas no volume são constantes, mas sempre as vozes se equalizam quando há sintonia nos corações.

Chame os amigos do que voce quiser, cubra-os de sinônimos, destrua e reconstrua seus conceitos sobre eles. Mas nunca deixe-os de lado.

Eu disse nunca.