segunda-feira, maio 10, 2004


sair de casa. considerações finais


Quando o sol se pôs eu pus os pés no passeio. Tomei coragem e girei a chave no carro, do nada me bateu uma vontade de fazer algo sozinho. Deixar de esperar alguma ligação, desistir de fazer outras tantas... e ir no cinema. Paguei alguns reais para ver Ken Park e depois de tudo não sei explicar o que é aquilo tudo que vi. É um tiro nos miolos logo no inicio - motivo pelo qual duas mulheres se retiraram assim que o estampido foi ouvido - através de um som duvidosamente estereo. São tantos problemas no meio e tanto sexo num final que não explica, não finaliza.

Com tanta mentira, tanta verdade na tela, eu era mais um incomodado, não pelo banco, mas pela novidade da situação. Não haveria ninguem pra compartilhar a risada que interrompe o silêncio, para o comentário depois de uma cena explicita demais. A sensação de se sentir avulso sumiu e então o filme e eu, éramos duas coisas inexplicáveis no acender das luzes. Estava tão provido de tranquilidade, que duvidei de mim mesmo. Eu não sou tão bom para sentir o mundo sozinho, preciso de outros olhos, de outras vozes... quase duas horas no silêncio desafiaram me provar o contrario.

Eu me senti feliz por ser aquele Tiago e por ter aquele domingo nas minhas mãos. Ao chegar proximo de casa, até a gata grávida miou contente para mim.