quinta-feira, novembro 23, 2006

entre oito anos (onde todas as veias se encontram)

Pensei naquele momento que não poderia dar certo. A placa do fusca não tinha minha letra inicial, a parede pintada de amarelo, diarios e mais diarios guardados - assinados por ela - sem o meu nome em nenhuma folha. Carreguei isso por alguns dias que passaram numa facilidade, como achar copo d´agua cheio na época de chuva. Uma sensação de não pertencer, de ódio do passado dela, passado por ela, sem mim.

Oito anos se foram e pensei naquele momento que poderia ser feliz. Numa quarta-feira de cinzas, quando todas as cores se esconderam. Eu, sumido sem querer, me achei no banco branco, na esquina mais escura do bairro partido de corações ansiosos. Sem ansiolítico por opção, deitei na faixa amarela estatelada no meio da rua, mordi o ultimo pedaço do doce e fiquei.

O dia amanheceu, olho fechadinho, eu ainda nem acordei.