segunda-feira, março 01, 2004


boarding pass to rio



O perigo de passar duas vezes pelo mesmo lugar é a confusão que uma mente desastrada como a minha pode causar. Nos últimos feriados, não apenas sete dias me separaram de pequenos "déjà vu" nos aeroportos do Rio e Salvador em madrugadas ímpares. Lutando contra medos primários ainda no espaço aéreo e revendo um olhar quente já com os pés no chão, conheci um Rio de Janeiro outrora contado nas histórias de meu pai e que enfim posso recontar aos filhos que um dia terei. Pude confirmar mais uma vez o poder que uma viagem pode provocar, raras vezes imaginei vivenciar tanto num curto intervalo, talvez por isso ousarei mais descobertas nesse intervalo de tempo conhecido como 2004.

A semana do carnaval diferente, a cidade cercada de morros e turistas, a abstração da rotina e de problemas me garantiram além de um sossego cercado de sorissos, a doce proximidade dos beijos da minha namorada. Compartilhar sua amizade nos passeios no calçadão, seu gosto musical irretocavel e a sua cumplicidade em momentos cômicos onde estrangeiros trocavam palavras e reinventavam outras em prol da comunicação com brasileiros. Detalhes da viagem que coleciono como figurinhas de um album renovado a cada instante pela minha mente... sou o dono que o folheia feliz, mesmo ainda tendo espaços por preencher.

Voando de volta pra casa, sem paisagens para observar das alturas, forçei o pensamento a cada instante para não chorar... o avião balançava e eu realmente precisava esquecer aquilo. Experimentei doses de tranquilidade ao saber que o peso das minhas escolhas não tem sido desleal nem tampouco injusto. Muitos dos meus esforços e vontades trazem resultados que ultrapassam o simples prazer, pois a vida tem me dado a chance de reaproveitar experiencias passadas e adicionar outras mais. Eu, minha mente e meu coração estamos realmente próximos.