terça-feira, outubro 19, 2004

Dos problemas fora do nosso alcance

Não se importe com isso, não se importe com as coisas que você nao consegue lidar nesse segundo, nesse último minuto. Eu falo sobre esse segundo que se foi enquanto voce ainda me lê e pensa sobre como a vida
poderia estar diferente. Em como ela estaria melhor se seu sorriso fosse mais bonito e voce mais sortudo nas suas conquistas. Bem que a noite poderia estar mais quente na ultima sexta e seu carro livre de pregos no pneu. É a noite do 43° grande jantar da sua vida, com aquela pessoa que jurou jamais querer nada com voce, nem com jantares a luz de velas.
O maximo que pode acontecer é uma vida reduzida, duas pontes de safena aos 53 anos e mil comprovantes bancarios como lembrança. Tudo isso é a recompensa por deixar os problemas ocuparem muito espaço. Problema é igual a gente chata. Voce tenta puxar um papo, se não resolver pelo menos arrume um jeito de encontra-los apenas socialmente.

Dos péssimos resumos que fazemos

Se falar de coisas que não se consegue argumentar é dificil, imagine as que voce não consegue resumir. Eu ainda acho que tudo o que pode ser resumido perde metade da graça. Com certeza se pedirem pra resumir os
seus vinte e poucos anos em folhas pautadas, voce vai perguntar se pode desenhar ou colorir com giz de cera e mesmo assim não vai descrever o tamanho do seu sorriso numa tarde sob o sol. Tente desenhar as curvas
de um grande amor se for possivel, duvido que expresse certas coisas indispensaveis e sem duvida indiziveis enquanto rabisca.
Tudo o que pode ser resumido é chato, porque ainda não aprendemos a resumir do jeito que tira o folego, de dar emoção sem detalhes. Infelizmente eu acho impossivel achar essa formula em nenhum livro, nem em nenhuma experiência que possam te contar.
Prefira os longos capitulos de uma mente que relembra detalhes, chora e se diverte com eles.


Das escolhas que podemos fazer

Antes de começar a enloquecer, antes de viver escondido com os planos e as metas excessivas, tome um pouco de ar. Depois pergunte-se qual é a melhor maneira de encarar as proximas 24 horas: a espera de um
hipotetico dia perfeito e imutável ou ansiando por um dia normal e adaptavel. Viva algumas horas e exercite sua escolha, volte e me conte. Quero saber quantos minutos voce perdeu esperando esse dia perfeito que
jamais chegará. Ou o numero de mudanças feitas para ver o seu nome escrito nesse dia normal e perfeitamente adaptado pra você.


Dos planos irreais que não merecemos

Perdemos tempo contando com hipoteses para melhorar o humor e esquecemos de como seria bom estar sempre solto e independente dos planos certinhos demais. Quantas vezes o dia parece ter um rumo definido por nós mas acabamos decepcionados quando nada do planejado ocorreu. Você consegue ter o espirito aberto para aceitar o novo, o inesperado? Eu vi você balançar a cabeça positivamente. E simplesmente passei a te adorar nesse instante.