sábado, agosto 06, 2005

..."eu vou dizer aquelas coisas mas na hora esqueço..."

O oficio de te achar em paredes douradas ainda me desperta certos arrepios. É relembrar o castelo dos destinos cruzados e reter dentro de mim o ar úmido proximo à pele. O costume, a delicadeza, a burrice de achar que quem suspira aqui, jamais vai sentir um outro suspirar acolá me mantem numa orbita repetitiva. Eu com meus velhos modos, voce com a inocencia a te resguardar.
Descubro que o tempo de um cigarro é o que preciso para passar minha vez. Então roda e a ciranda revela essa estranha mania de te prender nas minhas entranhas. E para sempre, devaneio eu, tudo me parece com seu vestido azul, com o chinelo que voce tanto adora. Há pontos de luz, neblina, carro nao mais veloz... a minha mente fica doce, voce não morre, atraves dos meus olhos haverá sempre entrega.
Uso oculos escuros e são oito da noite, me acostumei a não dar detalhes seguintes... não os que voce possa decifrar, nem o que sua pequena estatura possa alcançar. Os azulejos azuis estão sempre a te acompanhar em sonhos, e eles decoram mais uma piscina que vi na semana passada. Quem vai saber porque detalhes que se parecem contigo transitam sobre meus dominios de maneira livre.
Destruo manhãs sem graça para que o sol fique lua, para que estrelas cheguem perto do teto do carro na esquina, e eu quero voce deitada por lá, acordando gente trabalhadora em altas risadas. Depois de te observar só escrevo com tinta azul, mesmo que seus olhos não leiam, porque tenho tambem o habito de falar sem dizer.

Em algum lugar voce suspira pelo que não tem, e eu guardado na minha sala, continuo acreditando que a sua saída sempre vai acabar entrando pela minha porta...