sábado, novembro 27, 2004


entre cumplices

O mar na janela do carro me deixa mais novo, mais desperto. E quando o sol anuncia a partida e como presente, deixa nuvens douradas e a impressão de dezoito quilates em forma de agua. Tudo amarelo, tudo se renovando. Apertei o volante na ausência, apenas eu no carro, os dias de desejo se estendem em toda a orla. Se tudo o que queremos pode ser nosso, qual é o caminho das pedras?

Contei trechos da minha vida a mim mesmo, ouvi trechos de saudade. Quem andava no passeio, suava correndo na contramão tambem sabia o que era saudade. Todo mundo sabe, as vezes todo mundo a esconde. Quando a gente tem algo pra dizer, nem que seja para seu proprio ouvido, o mar deixa de ser apenas um montão de água e vira um poço de reflexões. Cade a minha moeda, eu quero fazer um pedido.

Na insistência de fixar os olhos sempre na rua, os fragmentos da realidade se parecem com duas folhas e um galho marrom que insiste em ficar no parabrisa. A intensidade do sonho é enorme, sem dúvida o fragmento maior na minha mente, e mais uma vez fui guiado de volta sem saber como, simplesmente dirigindo e vivendo.

O Sol ja se despediu, e a noite só é noite quando as falsas luzes vão embora. Desligue o interruptor, as velas tem mais verdade do que a luz incandescente que vem do teto, e a lua, ah, essa tem mais segredos do que todos os seus amigos juntos. Hoje, a noite pode ser cumplice ou somente a parte mais escura de um dia qualquer.