segunda-feira, agosto 14, 2006

geladeira

sexta-feira, agosto 04, 2006

vinte quatros pedaços.

Depois de um mês em casa achei por bem partir mais uma vez. São idas e vindas desde o começo do ano. Nao sei explicar, quem sabe por instinto o final de 2004 e todos os dias de 2005 acenaram como o primeiro turbilhão de sensações maiores para uma vida tao modesta. Um trator passou por cima de mim e eu continuei vivo. No final, fiquei mais velho de verdade, pessoas chegaram e partiram com uma velocidade incrivel enquanto eu aprendia a continuar respirando. Pequenos mundos foram destruidos enquanto convições se reduziram àquele vazio que precede a lagrima.

Como resposta a tudo isso, alguma parte do meu corpo me puxava para fora do ninho. Minha vontade a principio era de fugir sem olhar para trás, sem deixar marcas e sim carrega-las como uma reza ao fim da tarde. Nada disso realmente valeria a pena se nao tivesse um motivo, por mais desarazoado que fosse, e eu sabia disso.

Logo no começo do ano e já com uma viagem desfeita um novo amanhecer veio. Ao abrir os olhos eu estava em Sao Paulo, dono de mim. Eu era outro, já a minha essencia e o barulho dos carros na Rua Bela Cintra iguais. Perceber que tinha começado a trilhar meu proprio caminho me deixava numa febre que nem o frio podia corromper. Passei a ter mais saudade e passei por bem a entende-la melhor.Munido da minha camera resolvi contar uma historia a mim mesmo, a me ninar com retratos em preto e branco, marquises cinzas e sorrisos alheios como se fossem uma canção muda. Todo o meu medo se tornou na minha melhor arma e aos poucos consegui ficar imune a tantas outras partidas que outrora me deixavam em partes desiguais. Dessa vez eu tinha dado adeus.

No meu primeiro retorno a Salvador depois de três meses distante tudo tinha um prazer diferente. A presença de amigos, o gosto do mar, o cheiro da minha mãe. Qualquer delirio antigo parecia ter nascido naquele momento e sem querer tudo isso me convidava a ficar, a trocar riscos por um minimo de certeza. Sem querer, uma semana se transformou em pouco mais de um mês que eu vi passar e poderia te conta-lo agora se não fosse tão tarde.

Em pleno Sabado eu estava no ar a 800km/h, as malas foram feitas na pressa, as despedidas nem sequer feitas. Minas Gerais era minha ultima parada antes de voltar à Sao Paulo. Copos transparentes e liquidos dourados, abraços envoltos pelo ar seco, confirmação de amizades assinadas por risadas na madrugada na Belo Horizonte tranquila.

Em julho pela primeira vez eu nao tinha medo do agosto.