o carnaval é como um espirro.
Pra citar o carnaval preciso dizer que manter uma relação de amor e ódio é fundamental para mim. Como qualquer baiano, passar todo ano imaginando como será essa semana tresloucada, que divide a linha do tempo livremente, é tarefa mental agendada nos primeiros dias do calendário. A proliferação de sons perdidos e encontrados ao mesmo tempo, o cheiro de suor, o coração na boca, comércio inescrupuloso, coleção de beijos sem importancia dados em cada esquina e o poder da multidão te cercando a cada passo mal dado. Tudo isso são partes de uma alegria explicavelmente descartável mas docemente cultuada por muitos, até por mim em tempo nao tão distante. Creio que o aspecto atrativo do carnaval está no
carpe diem, no prazer máximo debaixo do sol escaldante ou nas noites sem hora pra terminar. Nessa época, se conceitos fossem humanos eles tirariam férias para um lugar bem longe. Até que ponto isso muda rumos ou pessoas eu realmente não estou apto para responder.
Aqui, além de ser feliz, conhecer muita gente te permite observar mudanças de comportamento em poucos dias. Muita gente que que sempre quis agir de tal maneira acha no carnaval a desculpa do "tudo pode" vigora livremente. Desconstruir comportamentos é uma atitude ambigua (assim como em qualquer situação), por isso mesmo apenas quem faz parte disso pode dizer o quanto tudo é doido e bem diferente do cotiano que se leva após a quarta-feira de cinzas. O carnaval é como um espirro, acontece rápido demais pra ter noção do bem (ou mal) que ele pode te causar.
Meu combustível é a novidade. Portanto qualquer coisa positiva, diferente e beirando meus limites tangiveis é bem vinda para meus sentidos. Estou vivenciando um aspecto que envolve aproveitar novas experiências... pra jogar no lixo da frustração ou acolher de bom grado momentos eternos. Depois um convite, esse ano decidi literalmente pular fora desse imenso bloco. Vou viajar, vou pro Rio de Janeiro. Carnaval no Rio? Escola de Samba? Não. Meus dias de desejo mudaram.