quarta-feira, maio 25, 2005

substance

Vitor Freire diz:
o que você tá procurando hoje?
Vitor Freire diz:
na vida?
Tiago. diz:
reticencias que levem a algum lugar

terça-feira, maio 24, 2005

eu ando num labirinto e você, numa estrada em linha reta




"Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada
Quando se parte rumo ao nada?"

sábado, maio 21, 2005

dos triângulos amorosos que valem a pena


Trazes uma cruz no peito.
Não sei se é por devoção.
Antes tivesses o jeito
De ter lá um coração

Fernando Pessoa


Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Ricardo Reis


Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos
no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

Álvaro de Campos

quinta-feira, maio 19, 2005

what have you found? the same old fears.

São cinco e vinte cinco de uma manha de quinta feira e talvez eu esteja errado. Quem sabe a felicidade nao esta naquilo que se busca, mas nas coisas que a gente atrai. Gostava de pensar na luta silenciosa, no suorzinho correndo na testa atras de uma floricultura barata e legal, da impressão dada pelas frases sutis, drinks esquisitos pra impresionar. A carona mal-intencionada até a porta de casa era a hora H, no dia D; era o beijo roubado, o sorriso de moleque desembrulhado. A meia maratona da felicidade era pra mostrar que se tinha bom antecedentes, dentes branquinhos, uma familia bacana e o bicho de estimação tinha um nome fofo. Me diz o que é agora a não ser uma competição de indecisos rumo ao trono do nada? Gente indecisa e arrependida é o caos do nosso tempo. Gente a procura em tempo real de relações abertas e vazias é de doer a alma.

A descoberta de detalhes e das coincidencias quem sabe seja o que move pessoas, o que ajuda a aquecer no inverno. Notar que a nossa busca se resume a passar anos procurando por isso desapareceu junto com o trem que se foi. Sem duvida a estação nao era aquela. Sei lá, o relogio parou na madrugada, a cama tava quentinha que deu preguiça. Talvez a noite foi longa demais pra quem dorme, curta demais para semi-acordados e desatentos como nós. E tudo o que uma dia soou como verdade era justamente um sorriso bandido no rosto, coração de mocinho e um punhado de ações que ficaram no papel: era um rascunho da felicidade. Vive-se numa nova era, mas agir as vezes é imprevisivel demais pra suportar, quem sabe agora a chave esteja na placidez, na cumplicidade que poucos conhecem, na tentativa de mudar de assunto mesmo que ele nao fuja da cabeça. Gente louca, me diz quem entende?

Diria eu talvez, que sofremos de preguiça, acomodação e falta da escolha impossivel. É necessario fazer jogo duro com a felicidade (ou que ela faça com voce). Já me disseram que gente boa e felicidade, quando vem facil demais é totalmente desprezada. Um dispositivo talvez, genetica decerto e ponto. Rejeitamos um futuro legal, loucuras no meio de semana, companhia e afeição. Por que? Simples... é facil demais para ser interessante o bastante. Passeamos por ruas elegantes, damos as costas para calçadas quebradas e ruas sem saída, sem saber que a felicidade nos persegue humildemente. Queremos a beleza bonitona, a inteligencia das piadas fim de noite e um coração que faz charme, mas é servido na bandeja. E quando isso ocorre continuamos a desfilar em lugares que a felicidade nao pode pagar. Então ela vem, chuta-nos a bunda e sai correndo feito uma louca com TPM.

O choque precisa ser maior e contanto que ele nao apareça agora, ficamos escondidos, cegos mesmo enxergando guardadores de carro arranhando o patrimonio, surdos e ouvindo buzinas no transito infernal e mudos mesmo falando improperios madrugada a dentro. Nos julgamos felizes com felicidade clonada e usurpando sorrisos dos outros... parcelas a perder de vista, cartão de credito estourado e juros altissimos. Sim, falsificação é cara. Felicidade é deveras inestimavel.

Depois do minutos de sabedoria, tudo começa de novo: amanhecer, por-do-sol, pretensos happy-ending e empregos full-time. Voce pensa que a vida acontece até que num clique a bobina volta, as nuvens voam ao contrario e numa lembrancinha escondida na sua palpebra, voce digita no teclado vagamente o que foi felicidade. Se nao correr agora, será que nao é tarde demais? it's easy, hearts are broken everyday

terça-feira, maio 17, 2005

Página vinte e oito: fim de parágrafo, começo de alguma sensação.




compaixão ou com paixão.

Espaços em branco ainda fazem diferença.

domingo, maio 15, 2005

"this double vision I was seeing is finally clear"


Eu já vi tudo com doses de tranquilidade inútil, sentindo que dias perdidos ficaram marcados no calendario enquanto meus desejos eram jogados um a um pela janela que nem a mim pertencia.

(mind the gap)

Isso é uma pausa nos dias confusos. Sou um sorriso inteiro, um caminho rumo às alturas. Eu sou uma alma azul, assim como a minha blusa favorita...

ficou facil respirar.

sexta-feira, maio 13, 2005

(do episodio unico: abra um arquivo .doc mais proximo no proprio computador.)


"essa procura pelo meu reflexo dentro dos seus olhos representa o caos." - Bandeira


Eu sei, eu sei que o cada um procura é uma desculpa...






...para se enxergar nas sombras de refletores quebrados, num copo metade cheio ou enquanto os pés se molham no rio que ninguem jamais quis chegar perto. É assim que tudo começa, certo?

terça-feira, maio 10, 2005

"... dedico esse livro de sonhos às rosas do porvir" - Jack Kerouac




pra quem não lembra do sonho mas tem certeza convicta de que foi algo maravilhoso;
pra mim que lembro de vários, mas não acho papel na hora e volto a joga-los no inconsciente;
pra quem sonha mais alto só pra não sentir o peso da realidade;
pra mim que sempre durmo achando que o sonho vai me deixar feliz na manhã seguinte;
pra quem cochila e em vinte minutos reencontra o inesquecivel, dormindo;

pra mim que troquei sonhos noturnos, por realidades que, às vezes, pareciam sonhos.

segunda-feira, maio 09, 2005

you might win some but you just lost one

Ouviamos fitas de rock enquanto a tarde caia de leve e eu nem sabia o nome da banda. Os verões mais quentes desfilavam atraves do nosso suor e o outono aparecia enquanto ninguem via frutas vermelhas colorindo o chão.
De resto mesmo, so a minha época da inocência em rascunhos .txt, a ignorancia de outrora acompanhada de doces variados a dez centavos cada. Desafio ali era comprar chiclete dois sabores em um, colecionar albuns de bichos que jamais vi e correr o mais rápido possivel, o mais longe possivel, até ter medo e voltar pra casa com o coração disparado aos 7 anos.

Suspiro com aquele sorriso ao ter lapsos de memoria dos passeios de bicicleta e da gritaria. Eu era o menor e o ultimo na fila de primos a pedalar vendo arvores dos mais variados tipos. Daquilo tudo, o que ainda vive a nao ser ruidos que ouço enquanto tento dormir? São fragmentos de um tempo que os outros encaixotaram enquanto eu embalei para a viagem.

Há anos atrás, não queriamos ser ricos, só queriamos somar mais pontos no jogo do ABC mesmo sabendo que todo mundo ia responder "Damasco" no espaço "Fruta" se caisse na letra D. As mentiras naquela epoca, no maximo, me faziam trapacear nas brincadeiras da rua ou pra ganhar um carro de plástico. Eu não mentia pra ferir ninguem, era diversão somente. Eu nao sabia mentir.

Conto e reconto inumeras aulas perdidas olhando pra paisagem, os rabiscos e cartas jamais reveladas sobre a namoradinha que nunca seria namoradinha. As notas sempre altas, a matéria Portugues que me tirava do sério... - como se assoletra Pernambuco mesmo? As dúvidas eram frequentes, cruéis do tipo por que a semana passava tao devagar. Hoje subo e desco escadas me perguntando o motivo de gente sem coração continuar respirando.

A ansiedade era para esperar os almoços de domingo, gritar era comum ao ver o dedo vermelho de sangue. Arrependimento era ter chutado a pedra cinza sem querer, nao ter tentando andar mais vezes na chuva e quem sabe aprender a jogar futebol direito. Aquele Tiago sabia que conquista mesmo era ter o bolso cheio de gudes verdinhas e a mente limpa quando se é um bom menino.

Eu era livre sabendo disso, conhecia limites inconscientes e desconhecia a solidão. Era lindo porque não sabia o peso de ser belo, nem quanto custava o preço do jeans moderno. Naturalmente solto, andava sem rumo e sem medo por andar assim, tinha uma mãe vigiando os passos e com a incrivel capacidade de distribuir milhões de beijos em poucos segundos. E eu acreditei que seria assim o resto da vida, um caderno gordo como meu vizinho e cheio de historias bacanas.

Mas muitas tardes se foram, e agora estou na página 352 da minha vida. Como vou explicar que tudo mudou, a barba já incomoda, a altura anunciando a idade e que de quebra deixei a minha consciencia dançar num ritmo estranho. Comece a escrever moleque e não pare... certas resoluções demoram de chegar, mas nada que uma boa tentativa não transfome em realidade páginas que já deveriam ter sido escritas.

sábado, maio 07, 2005

the future of the future still contain the past?



da dúvida cruel à previsões que ninguem desconfia.